O Capital de Giro é, sem dúvida, o oxigênio de qualquer negócio. Se o estoque é o coração, o capital de giro é o pulmão que garante a respiração diária da empresa. Ter esse valor calculado de forma errada é o principal motivo de quebra de pequenas empresas que, pasme, até vendem bem.
1. O Que Diabos é Capital de Giro?
É o dinheiro que você precisa ter disponível para financiar a sua operação diária, ou seja, para manter a roda girando entre o momento em que você paga uma despesa e o momento em que você recebe a receita da venda.
Pense no seu ciclo de vendas:
Você paga o fornecedor hoje.
Leva 30 dias para vender o produto.
Vende parcelado em 3 vezes (90 dias para receber tudo).
Nesse intervalo de tempo, o aluguel, o salário e a luz vão vencer. O Capital de Giro é o que cobre esse buraco entre o pagamento e o recebimento.
Ele é formado pelos recursos de curtíssimo prazo da empresa:
Ativo Circulante (Entradas Rápidas): Dinheiro em caixa, saldo bancário, aplicações de alta liquidez, Contas a Receber (vendas a prazo) e Estoques.
Passivo Circulante (Dívidas Rápidas): Contas a Pagar (fornecedores), impostos, salários e despesas fixas do mês.
2. Como Entender o Capital de Giro Líquido (CGL)
O cálculo mais básico e importante é o Capital de Giro Líquido (CGL). Ele te dá a margem de segurança financeira que sua empresa tem.
O CGL é simplesmente o resultado da conta: o que você tem para receber rapidamente (Ativo Circulante), menos o que você tem para pagar rapidamente (Passivo Circulante).
O cálculo do CGL revela a sua saúde financeira atual:
CGL Positivo: Ótimo sinal! Indica que o dinheiro que você tem para entrar a curto prazo é suficiente para cobrir suas dívidas de curto prazo. Você tem uma “reserva” para operar sem sufoco.
CGL Negativo: Alerta vermelho. Indica que você está devendo mais no curto prazo do que tem para receber ou converter em dinheiro. Isso força a empresa a buscar empréstimos caros ou a “se virar” para pagar as contas, comprometendo o futuro.
3. O Segredo: Calculando a Necessidade de Capital de Giro (NCG)
Calcular o CGL é um bom começo, mas o valor ideal para a sobrevivência do seu negócio é saber a sua Necessidade de Capital de Giro (NCG). A NCG é o quanto de dinheiro é preciso para financiar o seu ciclo operacional, que é o período que vai desde a compra da mercadoria/insumo até o recebimento do dinheiro do cliente.
A sua NCG é definida pela diferença entre os seus prazos médios:
Prazo de Estocagem e Recebimento: O tempo total que o seu dinheiro fica “preso” no estoque e nas vendas a prazo.
Prazo de Pagamento: O tempo que você tem para pagar o fornecedor.
A regra de ouro da gestão de giro é simples: Receber o dinheiro do cliente o mais rápido possível e pagar o fornecedor o mais tarde possível.
Se o seu prazo de recebimento for maior que o seu prazo de pagamento (o que acontece na maioria dos comércios), você tem uma NCG positiva, ou seja, precisa de dinheiro próprio para cobrir a diferença até o dinheiro da venda entrar no caixa.
Como Achar o Valor Ideal:
O valor ideal é aquele que cobre a sua NCG com uma margem de segurança para que você sobreviva a qualquer imprevisto (como uma queda inesperada nas vendas) ou uma sazonalidade.
Dica Prática: Pegue o total de suas despesas operacionais (salários, aluguel, impostos, contas) de um mês normal e multiplique por, no mínimo, dois ou três. Esse deve ser o seu colchão financeiro mínimo. Se esse valor não estiver na sua conta ou puder ser sacado rapidamente, seu negócio está em risco.
O Capital de Giro não pode ser confundido com o lucro. Ele deve ser mantido e renovado constantemente. Para ter o valor exato e ideal do Capital de Giro para a sua realidade, você precisa mapear seus ciclos financeiros e custos fixos com precisão. Marque uma reunião com seu contador ou consultor financeiro. Ele é o profissional certo para te ajudar a calcular sua NCG real e garantir que a empresa nunca pare por falta de fôlego financeiro.
